The exhibition Eco-Visionaries: Art and Architecture after the Anthropocene was inaugurated on April 11th 2018 at MAAT - Museum of Art, Architecture and Technology, in Lisbon. Curated by Pedro Gadanho and Mariana Pestana, the show presents works of more than 35 artists, architects and designers that critically reflect on environmental changes and how human activity is affecting the planet.
Anthropocene is a concept created by the atmospheric chemist and Nobel Prize-winner Paul Crutzen. During a conference in 2000, he announced the end of Holoceno - the geological period that the human race is being living for the last 12 hundred years - and presented the ideia of this new era, characterised mainly by the impact of the human action on the planet [2]. While the term is still on discussion between geologists, it is already on use and debated on other fields. Eco-Visionaries is the second "manifesto-exhibition" produced at MAAT and was organised in collaboration with several museums in Europe, being the "first and most wide-ranging of the four exhibitions that will appear simultaneously in Portugal, Spain, Switzerland and Sweden" [1]. Climate change, mass consumption, environmental crisis and ways of surviving are some of the topics explored by the selected works, which are divided into four sections: Disaster, Coexistence, Extinction and Adaptation. The show occupies the Main Gallery of the museum and I would say that is necessary at least 2 hours to explore it - but you can easily spend way more time if you want to read everything. The concept of the show, the selected artists/works and their distribution is the exhibition space are all very well done. It had been a while since I liked a group show that much. Mixing artists and architects under the same conceptual scope is one of my biggest interests and it was refreshing to visit Eco-visionaries. Here are some of the artists/architects/designers I discovered in the exhibition and examples of their works (with links):
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Sobre o programa Please Share! Ato 4, Casa da Arquitectura.Entre os dias nove e dez de março de 2018 esteve de volta à Casa da Arquitectura, em Matosinhos, o programa Please Share!, evento que fez parte da programação de inauguração da Casa em novembro de 2017 (ocasião sobre a qual escrevi alguma coisa aqui, e que depois foi complementado em outra versão, aqui), com o título Seminário Indoor. Em dois dias intensos de atividades, 28 arquitetos foram convidados a apresentar projetos e debater os temas patentes na exposição Poder Arquitetura: poder coletivo, poder regulador, poder tecnológico, poder económico, poder doméstico, poder cultural, poder mediático e poder ritual. A exposição, comissariada* pelos arquitetos Jorge Carvalho, Pedro Bandeira e Ricardo Carvalho, propõe refletir sobre a estreita relação entre a arquitetura e estes oito poderes, "que se alinham, infletem e divergem entre si", apresentando mais de cem projetos diferentes por meio de fotografias, desenhos, maquetes, vídeos e outros documentos variados. Ocupando toda a Nave expositiva da Casa (cerca de 800 m²), a exposição é extensa, demanda tempo e atenção, mas é bem sucedida na maneira como trata os conteúdos: deixa clara a relação conceitual dos diferentes "poderes" com os projetos apresentados; alcança diversos públicos ao propor uma leitura em camadas (pode-se passar 30 minutos ou 3 horas percorrendo os conteúdos expositivos); e utiliza uma linguagem acessível - técnica, sim, mas sem ser ininteligível. O programa complementar do Seminário Indoor, por outro lado, sofreu diversos deslizes, tanto na conceitualização do projeto como na execução. Em primeiro lugar, pecou pelo excesso de convidados em relação ao tempo de evento: cada dia de programação contava com quatro grupos de apresentações, com 1h15 de duração cada. Este tempo mostrou-se adequado somente aos debates que tinham um convidado (como no caso de Poder Mediático), mas a maioria dos grupos contavam com dois, três, ou até mesmo quatro convidados, além da moderação. Ou seja, os convidados tinham pouco tempo para realizar suas apresentações, a moderação pouco pode contribuir com o debate e ao público restou contentar-se com uma ou duas perguntas, quando muito. Em termos práticos, saem perdendo os convidados, pelo pouco tempo de trabalho em relação ao tempo dispensado à ocasião (haviam convidados que viajaram para o evento desde Bangladesh, Sri Lanka, Hungria, entre outros países); os moderadores, que na maioria dos casos apenas apresentaram os convidados de cada grupo; e o público, que, além de ter que lidar com o atraso generalizado do evento, ficou excluído do debate. Nesse sentido, é importante questionar também o próprio conceito de debate em relação ao formato do evento. As apresentações realizadas pelos arquitetos convidados eram relativas aos seus projetos patentes na exposição: alguns contextualizaram o conteúdo exposto, outros mostraram projetos anteriores ou posteriores, com ênfase no desenvolvido da sua produção. De toda forma, na maioria dos casos não se foi muito além daquilo que já era proposto pela exposição. A crítica e a argumentação entre ideias díspares foi mínima. A divisão dos convidados em grupos (relativos a cada "poder") poderia ter sido uma excelente provocação conceitual - e, de fato, alguns moderadores buscaram promover essa discussão -, mas o debate, por questões de tempo, mas também por falta de coerência conceitual do evento, foi superficial. Se a intenção da mostra é relacionar a arquitetura com poderes externos a ela, tal como a política ou os processos mediáticos, vale questionar o por quê de não se ter realizado um debate interdisciplinar, convidando arquitetos mas também sociólogos, antropólogos, urbanistas, cientistas políticos, artistas, economistas...? Especialmente por ocasião desta exposição, que procura demonstrar diferentes correlações entre a arquitetura e a sociedade, um diálogo entre profissionais de áreas diversas seria o mais lógico e, provavelmente, o mais produtivo. É claro que faz parte da proposta da Casa da Arquitectura fomentar o desenvolvimento disciplinar, como foi expresso pelo seu diretor, o arquiteto Nuno Sampaio, durante a abertura do evento. O diálogo da arquitetura com outros campos não apenas amplia o debate para além do restrito campo profissional, mas também contribui e beneficia o próprio meio disciplinar arquitetónico. O debate interdisciplinar promove novos olhares à cultura arquitetónica e tem o potencial de enriquecer todas as partes envolvidas, além de confirmar a intrínseca relação da arquitetura com a sociedade e a pertinência desta discussão. Por fim, vale destacar a frase dita pelo arquiteto e curador Ricardo Carvalho quando questionado sobre os pressupostos curatoriais das exposições de arquitetura: "É difícil gerar emoção ao expor arquitetura". Acidentalmente, essa afirmação foi logo desmontada pela última apresentação do evento, feita pela arquiteta bengalesa Marina Tabassum. Com um discurso tanto despretensioso quanto sincero, acompanhado por uma sequência de imagens de contextualização do seu projeto da Mesquita Bait Ur Rouf, a arquiteta conseguiu deixar todos aqueles que ainda estavam presentes surpreendidos e, sem dúvida nenhuma, emocionados. É, sim, um desafio gerar emoção ao expor arquitetura; talvez seja mais difícil ainda fazer arquitetura que gere emoção. Mas, quando acontece, fica claro o poder da arquitetura.
* utilizo aqui o mesmo termo apresentado no site da Casa da Arquitectura, ainda que acredite que comissários e curadores realizem trabalhos diferentes; fica aqui a nota de algo a ser desenvolvido em um próximo texto. "[...] It seems to me that quite a few of today's curatorial customs - the heavy use of didactics and headsets, the increasing emphasis on the catalogue, the urge to comprehensiveness, and the assumption that the exhibition must be an essay (i.e., have an idea, prove something, or at least make a point) can be understood as efforts to counteract what is tacitly acknowledged as an essential defect of the exhibition - its transience. It's not hard to understand the reason why either. You work for literally years; you develop a concept; you comb through and scrutinise innumerable candidates for the checklist; you choose sometimes a hundred or more of these; you beg people to lend the works to you - and I mean you beg; you read your butt off so that you know everything there is to know about them, and if the architects or artists you are working with are alive, god help you deal with them; you arrange and arrange and rearrange the works in your head and in models till your eyes bleed to get the concept and the experience to mesh in a stubborn set of spaces, and then you pray someone comes to see your show. If they do, when they gossip and pontificate and opine as they breeze through it without the slightest interest in, or even awareness of, the sacrifice, the heroism, and yes, damnit, the genius of your efforts. You begin to despise every single one of the moronic motherfu... Uh, sorry, I digressed."
Jeffrey Kipnis on The Praxis Questionnaire for Architectural Curators, 2005. "[...] cartographic power can undermine democratic principles and ideals such as fairness, justice, and balance. The representational integrity of certain communities can be carved up and dismembered, while concentrated and fortified for others. The rules of this game are clear though: the plan, forever in flux, is never innocent, nor can it be neutral. For as long as population is distributed unevenly and governed by structures of representation, democracy will be an architectural project under construction."
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