"Há muito tempo que falamos e produzimos conhecimento independente, mas, quando os grupos têm poder desigual, têm também acesso desigual aos recursos necessários para implementar as suas próprias vozes (Collins, 2000). Por não controlarmos essas estruturas, torna‑se extremamente difícil, quando não mesmo impossível, articular a nossa própria perspectiva fora do grupo. Em resultado disso, o trabalho de escritoras/es e académicas/os negras/os permanece muitas vezes fora do corpo académico e das suas agendas, como demonstrou a sequência de perguntas no início da aula. Não se encontra lá por acaso; é posto nas margens por regimes dominantes que regulam o que é o «verdadeiro» saber. Considerando‑se que o conhecimento é colonizado, defende Irmingard Staeuble, e que o colonialismo «não só significava impor a autoridade ocidental nas terras indígenas, nos modos indígenas de produção e no direito e governo indígenas, mas impor essa mesma autoridade em todas as dimensões dos saberes, línguas e culturas indígenas», descolonizar a ordem eurocêntrica do conhecimento é uma tarefa não só enorme mas urgente (2007: 90).
O excerto aqui apresentado integra a tradução de memórias da plantação: episódios de racismo quotidiano, de Grada Kilomba, edições Orfeu Negro (pp. 47-54). " Fonte: Buala.org
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